2007 (agosto) – O longo cruzeiro ferroviário – Parte II

Ainda faltava um bom trecho da viagem de trem, agora finalmente entrando na região que dá nome à ferrovia.  Sibéria, cheia de histórias soturnas.

Noite com o trem em deslocamento, ainda acordamos cruzando a Mongólia por Suche Baatar e enfim chegamos à Rússia.  Estávamos na Sibéria, acompanhando o vale do grande rio Selenga.  A partir dali estaríamos no ramo principal da ferrovia transiberiana.  E teríamos uma aula sobre ela no dia de trânsito sem visitas.

Depois do almoço, descemos em Ulaan Ude.  Fazia um calor quase carioca.  As roupas que todos tinham levado eram muito mais para frio do que os trinta e muitos graus que encontramos na chegada a uma terra famosa por seu frio mortal.

As casas de madeira na cidade são lindas, mas são quase inexistentes nos dias atuais.  Como a calefação é essencial no inverno, muitas se incendeiam de forma irrecuperável.  E quase fiquei sem nenhuma foto delas.  Inexperiente em equipamentos digitais, comprei um cartão de memória que era compatível com minha câmera; e essa compatibilidade me fez perder muitas fotos numa viagem que não se repete.  Fotografava, mostrava a foto no visor e depois não gravava.  Por sorte descobri ainda durante a viagem, diminui a resolução das fotos e só usei o cartão original.

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A única foto que não perdi das lindas casas de madeira trabalhada, com suas chaminés.

Ulan Ude não tem muito o que mostrar.  Lá ainda existe uma enorme cabeça de Lenin esculpida em pedra, rodeada por prédios do governo.Voltando à cidade, muitos reclamavam do calor.  A guia explicou que, ao contrário da fama gelada, a questão do clima da Sibéria são os extremos de temperatura.  Estão no meio do continente, sem nenhum mar perto que amenize temperaturas e umidade.  Tudo depende da massa de ar que vem do norte.  Um forno no verão, um congelador no inverno.

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Praça Sovetov.

Numa tarde de domingo, que eles sabiam ser final de verão, era hora de aproveitar o calçadão no centro da cidade.  Neste início de setembro estavam nos últimos dias de calor, logo chegaria a primeira massa polar.

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No calçadão de Ulan Ude.

Foi interessante notar que a grande maioria das pessoas que circulavam por ali tinham traços orientais, em nada similares ao padrão russo.

Mais uma noite a bordo e enquanto dormíamos o trem trocou a locomotiva elétrica por uma a diesel.  Estávamos entrando nos trilhos quase abandonados em torno do lago Baikal.  E ali começava uma temporada de uaus!

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Começando o dia no trecho da ferrovia ao redor do lago Baikal.

Os “uaus” eram para as paisagens deslumbrantes, túneis de pedra, trilhos quase dentro d’água, vegetação exuberante, curvas inesperadas para mais paisagens delirantes.

Há números expressivos sobre esse trecho, que é chamado de “Linha Circumbaikal”.  Foi construído entre 1902 e 1905.  Todos os 39 túneis foram construídos à mão, com uso de explosivos.  Trabalharam presos, assalariados e engenheiros, inclusive estrangeiros.  Há também 29 pontes metálicas, 15 galerias e 400 pequenas pontes.

O lago Baikal, cujo nome pode ter origem turca – Bai Kul, significando lago rico ou pode ser do idioma mongol Baigal – labareda rica, é outra enormidade.  É o maior lago do mundo, com 31.500 quilômetros quadrados de superfície, o que lhe dá uma área maior que a Bélgica.  Sua largura chega a 80 quilômetros e comprimento de 636 quilômetros é a mesma distância entre Moscou e São Petersburgo.  A profundidade média é de 730 metros.  O volume de água é de 23.000 quilômetros cúbicos e está sujeito a variações de maré.

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Muitos túneis em curvas.

Corresponde a quatro quintos da água doce disponível na Rússia.  São mapeados 336 rios desaguando no lago, sendo o maior deles o rio Selenga que vem da Mongólia bastante poluído.  Há pouco tempo começaram negociações entre os dois países sobre qualidade da água do lago.  A única saída de água é pelo rio Angará, que chega ao rio Ienesei e segue pela Rússia em direção ao oceano Ártico.  A biota do lago é descrita como tendo 1085 espécies vegetais e 1500 espécies animais – com 52 espécies de peixes (o mais conhecido é o omul, que é comestível e tem carne muito gordurosa por causa do frio, e que foi experimentado e eu não gostei).

Logo começou o revezamento de passageiros para fazer uma parte do trajeto no gradil da locomotiva, que segue numa velocidade de 20 quilômetros por hora.

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No passeio da locomotiva.

Um passeio para grandes fotos.

Naquele lago enorme vive apenas uma espécie de mamífero, a quase extinta foca de Baikal.

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Não dava tempo para piscar os olhos ou perdia um ângulo sempre especial da paisagem.

Este trecho da ferrovia foi desativado em 1956, com a construção da hidrelétrica no rio Angará.  Parte dos trilhos ficou submersa, provocando a decadência das vilas.

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Fazendo pose na locomotiva a diesel.

Fizemos um passeio de barco pelo lago, onde ainda restam velhas estruturas da indústria pesqueira, que mantem vivas, apesar de reduzidas, algumas pequenas cidades.  Tínhamos um dia de céu limpíssimo.

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Passeio de barco passando por Fort Baikal, no quilômetro 72 da ferrovia desativada comercialmente.

Na altura do quilômetro 110 fica o vilarejo de Polovinnyj com suas casinhas coloridas de madeira onde restam poucos moradores.  Ali existe uma prainha, e vários europeus mergulharam.

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Na praia em Polovinnyj.

O pessoal do clima quente se contentou em molhar as canelas, apenas para ter certeza que a água estava bem fria.

Nesses vilarejos, vários dos moradores trabalham na manutenção da linha férrea.  Duas vezes por semana há trens que atendem a estas populações.  Não foi comentado nenhum projeto de ocupação da região, nem mesmo para turismo sustentável.

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Por precaução, só molhar os pés.

Pouco mais adiante, já no final da tarde no quilômetro 120 em Marituj, fizemos uma caminhada pelo bosque enquanto preparavam o piquenique.  Dizem que de vez em quando aparecem ursos.

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A vidinha sonolenta das vilas que foram ficando desabitadas.

E foi só durante esse jantar que percebemos a presença dos militares russos bem armados que acompanham o trem nesta visita ao Baikal.

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Com a guia Ekaterina no piquenique de Baikal.

Depois de comer e beber, fui andar por ali e conheci meus amiguinhos russos e seu gatinho.  Conversamos bastante, tendo o gato como intérprete.  O que eles gostaram mesmo foi das muitas fotos que tirei deles e lhes mostrava.  Muitos risos.

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Meus amiguinhos e seu gato.

O anoitecer nesta época do ano começa cerca das 21 horas, o que oferece belas cores e mais fotos.  Tempo de ver um pouco mais das paisagens incríveis, das luzes de uma cidade lá na outra margem, retomar nossa locomotiva.  Foi um dia de delícias visuais.

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Fim do dia mais rico de paisagens.

Seguimos até Irkutsk, onde chegamos de manhã bem cedo e logo fomos fazer o check in no hotel Intourist.  Com o calor que fazia, o hotel foi apelidado de Lavanderia Irkutsk.  Todos esperavam o frio da viagem, e as poucas roupas frescas que tínhamos já estavam inviáveis.  O tempinho antes da saída para os passeios foi dedicado à lavagem de roupas.

Irkutsk tem origem com os cossacos do século XVII, fica situada às margens do rio Angara que segue para o norte levando as águas do lago Baikal.  Foi importante centro comercial na parte oriental da Sibéria e por ali passavam as rotas de presos políticos

A cidade tem igrejas como as Catedrais da Epifânia e de Omen, onde fica o túmulo do dinamarquês declarado herói russo Vitus Bering, o navegador que conquistou o Alasca para a Rússia.  Por serem consideradas obras de arte não foram destruídas durante o regime soviético.

A Catedral do Salvador também escapou por causa de seus afrescos externos, mas a mais bonita de todas, que vimos apenas de desenhos e pinturas, era Nossa Senhora de Kazan, demolida para dar lugar à Prefeitura, um monstrengo sem estilo.

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Os afresco salvadores da Catedral do Salvador.

O melhor foi a vista da tarde ao Museu Etnográfico Talcy, um museu aberto para onde foram levadas antigas casas, escolas, fortalezas e outras estruturas de diversas partes da Sibéria e que contam agora como era a vida naquele clima duro.  Em geral, animais no térreo e pessoas no piso superior, aproveitando o calor do corpo do animais.

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Museu Talcy.  A edificação à direita é um forte militar.

Um lugar emblemático é o Monumento ao Imperador Alexandre III (1881 a 1894) idealizador da ferrovia transiberiana.  É uma cópia do monumento original, que foi destruído.  Ele não chegou a conhecer a obra pronta.

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Monumento reconstruído ao Czar Alexandre III.

Como o jantar seria no hotel e era em frente ao Boulevard Gagarin (homenagem ao primeiro cosmonauta soviético), foi para lá que muitos de nós fomos para caminhar e aproveitar o calor e o sol de um belo fim de tarde junto do rio.

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O bonito e aprazível Boulevard Gagarin.

Dormimos no hotel, de onde saímos ainda escuro para tomar café da manhã com o trem já em movimento.  Dia longo, todo de viagem cruzando a Sibéria Oriental.  E eles aproveitam para diversas reuniões dos grupos.  Teve aula de russo básico seguida de degustação de vodcas.  Também teve leitura sobre o que é a ferrovia transiberiana.

E então é hora de explicar um pouco mais sobre essa ferrovia cercada de mistério, muito trabalho, esforço sobre-humano e muitas vidas.

Foi o Czar Alexandre III que idealizou a ferrovia cortando todo o imenso território do Império Russo, passando por diversos povos conquistados ou agregados.  A obra foi executada a partir de 1891 e o ramo principal ia de Vladivostok no extremo oriental do Pacífico até a capital Moscou.  Cerca de 9200 quilômetros que podiam ser percorridos em oito dias, passando por sete fusos horários.  Foi construída numa média de 1000 quilômetros por ano, imaginando-se aí a quantidade de gente remunerada ou em trabalhos forçados, debaixo de muita neve e pouca comida.  Sua construção e dos seus ramos complementares foi até 1916, quando governava Nicolau II.  Sua eletrificação só foi concluída em 2002.

Seu eixo principal é como uma coluna vertebral; dali vão sair ramificações como se fossem costelas.  Com tantos quilômetros, é a maior ferrovia do mundo e chega hoje a outros países, especialmente aos da antiga União Soviética.  E assim se foram as horas só ouvindo o som de tleco-tleco-tleco das rodas nos trilhos.

Foi um dia para curtir a vida no trem.  O Grupo Azul ocupava um vagão com oito cabines, sendo que duas estavam com ocupação de uma só pessoa.  A reunião para bater papo era na minha cabine, pois a cama desocupada virava sofá.  Era só botar as malas para baixo.

Para passar o tempo, havia reunião dos grupos no salão restaurante.  Ali os guias tentavam nos fazer cantar canções russas e davam explicações sobre a administração do país, dividido em repúblicas e “oblast”, que para nós eram a mesma coisa.

Trem 1 cabine

A bagunça da cabine 7 do vagão 6, que virava sala de visitas.

A comida era boa e farta.  Misturava pratos russos com alguma coisa mais neutra.  Só não dava para comer um tipo de mingau – odeio mingaus – russo, que vinha num pote e era servido de concha.  No fim das refeições era servido chá, em fartas canecas de vidro e prata.

Havia dois banheiros para todo o vagão e não havia problemas.  Só eram mais disputados na madrugada, todos circulando de pijama para eliminar o chá do jantar.  Ríamos muito.  O único chuveiro era compartilhado conforme uma escala onde cada um escrevia seu nome num dos horários disponíveis.  Quinze minutos para cada um, o que era tempo suficiente.  No corredor, tomadas para carregar baterias.

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No fim do corredor um dos banheiros e a sala de banho.  Na ponta oposta estava o outro banheiro.

Só uma noite houve barulheira.  Dois casais tinham bebido muito e as conversas e cantorias extrapolaram.  Logo foram sossegados pelas duas cuidadoras do vagão, com jeito de inspetoras de colégio antigo quando precisavam ser duras.  De resto eram atenciosas e gentis, guardavam nossas compras de caviar na geladeira e cuidaram da água quente no dia que pedimos para antecipar o horário da escala de banhos.

Passado esse dia, chegamos na maior cidade da Sibéria e terceira maior cidade russa, famosa pelas mulheres bonitas e de porte nobre, Novosibirsk.  No desembarque houve música e dança, além de oferecer pão e sal, símbolos da hospitalidade.

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Recepção na estação de Novosibirsk com música e pão.

Na visita ao mercado, um lugar que russos gostam bastante, muita gente aproveitou para comprar caviar.  Não que eu goste, mas também comprei.

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Vários balcões do mercado com diversos tipos de caviar.

O passeio de barco pelo rio Ob foi meio sem graça.

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Rio Ob, o quarto mais longo do país.  Ao fundo a silhueta de Novosibirsk.

A cidade não tem nenhum encanto especial.  Circulamos pelo centro e terminamos no principal monumento.  Nossa guia local, muito bonita como recomenda a fama da cidade, brigou com um sapato de salto bem alto de uns dois números maior que o seu pé, para ansiedade geral a cada deslize.  Acabou aplaudida.

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Monumento aos soldados russos e o Teatro Dramático.

A cidade tinha enriquecido fazia pouco tempo.  O reflexo estava no movimento de carros particulares, apesar de muito transporte público.

Sobrou tempo e com ajuda de nossa já muito querida Ekaterina consegui ir até a central telefônica e falar com minha mãe.  Telefones celulares ainda não eram eficientes para chamadas internacionais em 2007.  Cada grupo foi a um restaurante diferente para conhecer a culinária local.  A comida lembro que foi gostosa mas não dava muito para saber o que era.

Noite e manhã viajando até Yekaterinburg, chamada capital das Montanhas Urais, fronteira entre Ásia e Europa.  A cidade foi criada em 1723 pelo Czar Pedro, o Grande.  Não tem a magnificência de São Petersburgo mas é bonita, ampla.

A caminho do centro antigo, era fácil notar a mistura de velhos bondes e carros.  E muita propaganda.

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Ainda circulavam os velhos bondes.

Começamos por um mercado de artesanato ao ar livre permanente.  Lembro que comprei uma escova de cabelos toda em madeira trabalhada, com relevo de uma paisagem nevada.  São passados mais de dez anos e ela está na minha bolsa.

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No mercado de artesanato.

No centro vimos a praça Truda e a igreja da Santa Catarina, padroeira da cidade.

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Praça Truda.

O ponto principal da visita é a Catedral do Sangue, na realidade uma igreja de dois andares com o piso em granito vermelho lembrando a cor do sangue.  Foi erguida no local da casa onde a família imperial foi executada em 1918 pelos bolcheviques.  À volta da igreja, fotos da família.  Uma visita bem emocional.  Fotos eram totalmente proibidas no seu interior.

A história tem casos estranhos.  Durante o regime soviético, que já dava sinais de que as coisas não iam bem, foi decidido pelo governador local Boris Yeltsin que a velha casa seria destruída a fim de não virar local de peregrinação ou devoção.  Passaram-se os anos, o regime comunista foi extinto, a União Soviética se desfez e Boris Yeltsin se tornou governante da Rússia.  Coube a ele inaugurar a Catedral do Sangue em 2005.

Ekat 4 Catedral do Sangue

Catedral do Sangue cercada de fotos dos últimos Romanov.

A morte e ocultação da família foi cercada de mistério durante décadas, havendo até a lenda de que uma das princesas teria sobrevivido.  Em 1998 já haviam descoberto e identificado os restos mortais de quase todos, faltando apenas o único menino e uma das irmãs.  Isso aconteceu pouco depois dessa viagem.

Pouca coisa pode ser vista dos Montes Urais porque começamos a passar por eles já anoitecendo.  Estávamos saindo da Ásia e entrando na Europa.  Também não vimos Krasnoyarsk, que a nossa Ekaterina dizia ser uma das mais belas vistas.  Para nos compensar, cada um de nós recebeu uma nota de rublo com a imagem da ponte sobre o rio Yenisey, considerada entre as mais bonitas da Rússia.

Início Urais

Começando a noite e começando a cruzar os Montes Urais, que afinal não vimos.

Enfim chegamos a Kazan, terra de nossa guia.  Festa brasileira, seus pais a esperavam na estação e levavam docinhos típicos para seus passageiros.  Como se fôssemos velhos conhecidos, foram beijos e abraços no casal.

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A estação ferroviária de Kazan, a mais bonita do roteiro.

Ali lembramos muito da guia local de Ulaan Ude quando falou que estavam esperando para breve a primeira massa polar.  Ela chegou.  Frio e chuva.  Mas nem isso tira o charme de Kazan.

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Jardins do Kremlin de Kazan.

A cidade desde sempre abrigou judeus e muçulmanos, numa zona onde tártaros, cossacos e russos travaram grandes disputas.

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No interior do Kremlin, a Mesquita de Qolsharif.

E a visita começa pela Mesquita Tártara, localizada num kremlin pintado em cores claras.  A modernidade do interior surpreende.

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Dentro da Mesquita de Qolsharif.

E logo se descobre que kremlins existem vários.  O nome significa o tipo de local, e não apenas o mais famoso em Moscou.

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Outro mirante do Kremlin, de onde se vê o rio Kazanka.

Saímos do Kremlin com sua mesquita e fomos para a Catedral Ortodoxa Russa de São Pedro e São Paulo, que parece um bolo festivo.  Apesar das cores fortes e decoração externa florida, ela é agradável de ser vista, não fica esquisita.

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Uma das torres em estilo próprio na Catedral Ortodoxa Russa de São Pedro e São Paulo.

Foi construída no século XVIII custeada por um comerciante local.  Seu estilo florido em nada lembra as tradicionais igrejas ortodoxas russas e suas torres com as chamadas cebolas.  É bem diferente e muito acolhedora.

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A Catedral e sua decoração colorida desde a base.

Houve um passeio de barco pelo grande rio Volga, mas ventava e chuviscava, tirando um pouco a visibilidade.  Depois do almoço tivemos uma apresentação de música no Conservatório, bem estilo de passeio russo.

Terminamos a tarde de sábado no calçadão do centro da cidade.  Tinha ali uma loja de rede fast food; quando foi aberta a primeira loja em Moscou, o fato virou notícia nos jornais do mundo todo.  Agora já eram várias e fui comer o mais básico dos sanduíches, só para ter o prazer de dizer que tinha comido.  É sempre o mesmo gosto.

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Fast food na rua Baumana.

De gostosura local, comprei uma lata de “tchac tchac”, os docinhos que a mãe de Ekaterina nos ofereceu.  Depois eu iria me preocupar em como arranjar lugar para aquele pacotão na mala.  Valeu a pena, fez sucesso em casa e com amigos.  A lata virou biscoiteira e sempre que está em uso vejo a foto do kremlin de Kazan.

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Da Igreja da Epifania resta somente a torre no centro de Kazan.

Na despedida, mais abraços na família de nossa guia, que tinha se tornado uma pessoa muito querida do grupo.  E embarcamos para nossa última noite no trem “Ouro dos Czares”.  E um rápido comentário, czar era o título do imperador russo, que significa césar, inspirado no império romano.

A manhã nublada deixava prever que estaria frio.  Pelo caminho, muitas bétulas e seus troncos claros, a madeira das antigas matrioscas.

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Bétulas chegando a Moscou.

E assim chegamos com chuva, frio e bastante vento em Moscou.  Erraram o lugar da nossa Sibéria.

A cidade estava com muitas avenidas fechadas por causa de uma maratona ou algo assim, e com chuva o trânsito fica ainda pior mesmo num domingo.

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Nossa Sibéria em Moscou.  E com engarrafamento.

Começamos logo as visitas pelo Kremlin, e foi bem ruinzinha.  Nenhum daqueles prédio magníficos de salões estonteantes que às vezes recebemos em fotos ou vemos na televisão.  O almoço foi num restaurante na margem do rio Moscou, de onde fugi para tirar fotos do Kremlin de um ótimo ângulo.

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Kremlin de Moscou.

Continuamos as visitas e minhas bochechas ardiam, o rosto me incomodava de tanto frio.  Parecia que se formava uma película de gelo sobre a pele.  Ao fim nos levaram ao hotel, longe do centro, longe de estação de metrô e ao lado de um estádio esportivo.  Quando olhei meu rosto no espelho, vi duas bolotas rosadas nas bochechas.  O frio já tinha me queimado.

Não lembro onde foi o jantar, deve ter sido no hotel.  Em seguida saímos para passear de metrô e ver algumas de suas famosas estações e depois uma visita noturna à Praça Vermelha.

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Estação de metrô de Komsomolskaya.

Minha memória deu um pulo no tempo e de repente estava dentro de um GUM reformado, lindo, perfumado.  Em nada lembrava aquele mercado popular que conheci em 1985, mal cuidado e fedorento.  Agora era um templo de lojas de grife e marcas russas especiais.

Quando saímos, nevava.  Foi pouco e rápido, mas o suficiente para aparecer nas fotos.

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Na Praça Vermelha, o GUM iluminado e os floquinhos de neve.

Amanheceu sem chuva e não fazia tanto frio.  A visita da cidade no dia seguinte só teve um lugar que já conhecia – olhar por fora a Universidade Lomonasov.  De resto, mostraram lugares que eram proibidos ou ficavam escondidos durante o regime soviético.  Assim fomos até o Parque Novodevich, com o Monastério da Nova Virgem (Novodevich) e o cemitério.  O lugar esteve fechado por muitos anos, por ordem de Leonid Brejnev pois ali está também seu antecessor Nikita Kruchev, mais popular e mais estimado.  Depois de reaberto, várias figuras de prestígio foram enterrados ali, como Raisa Gorbatchev e Boris Yeltsin.

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Novodevich, o parque e o Monastério em restauração.

Depois foi a vez da reconstruída Catedral do Salvador.  Desta igreja eu me lembro, não como igreja, mas da visita ao centro desportivo coletivo que foi construído no terreno onde ela tinha sido demolida.  O regime caiu, acabou o centro comunitário e refizeram a igreja com seus detalhes originais.  Coisas estranhas acontecem.

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Jardins ao lado da Igreja do Cristo Salvador, com o monumento ao Czar Alexandre I.  A praça e o espaço da igreja existiam, foram extintos e substituídos por centro esportivo e enfim reconstruídos após a queda da União Soviética.

Na tarde livre fui caminhar com a brasileira minha vizinha de cabine pela rua Arbat, que ficou famosa por receber gente participando de manifestações quando a União Soviética se desmanchava.  Muitas barraquinhas, gente vendendo broches e quepes do antigo exército, dizendo em qualquer idioma que aquilo era original.  Nem pensar.  As matrioscas também existiam aos montes, mas não com as carinhas das avós russas.  Eles tinham cara de políticos, artistas e até do Ronaldinho Gaúcho.  Preferi ficar somente com as antigas que eu já tinha.

Almoçamos no GUM.  E na hora de escrever aqui, não resisti a fazer um túnel do tempo.

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Interior do GUM em 2007.

A passarela e a claraboia podem não ser exatamente as mesmas, mas dá para reconhecer apesar das cores perdidas.

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Interior do GUM em 1985.

O túmulo de Lenin continua lá e desconfio que mais ninguém visita.  Faltava realizar um desejo de muitos anos e ir ao interior da Catedral de São Basílio, que por sinal não tem este nome.  Ela é a Catedral da Intercessão da Virgem ou Catedral Pokrovskiy, construída entre 1555 e 1561 por ordem do Czar Ivan IV, o Terrível.   A catedral originalmente constava de uma torre central que une oito capelas em honra de cada um dos santos correspondentes aos oito dias de cerco que Ivan IV, o Terrível impôs à cidade de Kazan.  No interior da catedral todas as paredes são decoradas, além dos muitos iconostásios, pinturas de santos tipicamente das igrejas cristãs ortodoxas (onde não há esculturas de santos) e que são um protegidíssimo patrimônio nacional.  Diz a lenda que quando a obra ficou pronta, Ivan IV mandou cegar o arquiteto Postnik Yakolev para que não pudesse fazer nada que se comparasse a São Basílio.

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O inesperado interior pintado da Catedral de São Basílio.

À frente da igreja fica o monumento a Dmitri Pozharsky e Kuzma Minin, heróis da resistência russa contra os poloneses, nos chamados “Tempos de Dificuldades”, os primeiros trinta anos do século XVII.  Bem perto está a pequena capela com cúpula em pirâmide que foi incluída em 1588 para ser a tumba de São Basílio, o Bendito.

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A catedral de São Basílio com a torre central e quatro das suas oito torres relembrando o cerco de Kazan.  À esquerda o monumento aos heróis da resistência e à direita a tumba do santo.

Não é uma visita exatamente fácil, as escadas são toscas em alguns lugares, a ponto de minha companheira desistir.  De minha parte, acho que valeu.

Cansadas, hora de voltar para o hotel ainda com o dia claro.  Fomos até um terminal de taxis onde nos pediram cem dólares.  Sabia que era roubo.  Decidi voltar de metrô mesmo tendo que caminhar em torno do estádio.  Minha companheira quase entrou em desespero porque tinha medo, justificável, daquele idioma que não falávamos com um alfabeto que não entendíamos.  Argumentei que seria como comparar desenhos.

Localizei o hotel no mapa, marquei a estação. Na bilheteria de onde estávamos mostrei o destino, importante porque se paga por trajeto.  Bilhete na mão e já com a indicação de qual estação deveríamos fazer a troca de trens.  Descemos as escadas e mostrei para a guarda o nosso destino e apontei direita e esquerda; ela entendeu que perguntava pela plataforma e nos levou até lá.  Contamos as estações, acompanhando os nomes pelo mapa.  Desembarcamos, novas indagações à base de gestos e sorrisos, encontramos nossa nova plataforma.  Minha companheira estava pasma com a minha desenvoltura e repetia que não acreditava que estava dando certo.  Enfim chegamos, subimos ao nível da rua e logo vimos as luzes do nome do hotel.  Ela me perguntou se eu tinha estudado russo, e riu muito quando respondi que tinham sido as aulas do trem.  Essa aventura rende gargalhadas todas as vezes que nos falamos.

Nesta noite o Grupo Azul já não existia.  Tentei no balcão do hotel descobrir um jeito de ir ao circo com uma agência de viagem, mas não consegui.  De taxi nem pensar.  De metrô era abusar da sorte e teria que caminhar bem tarde o contorno do estádio.

O outro dia foi quase perdido, com viagem de avião no meio do dia para São Petersburgo.  Chovia e isso era problema.  As estações ferroviárias são monumentais, além de bonitas e bem cuidadas, com amplos espaços.  Mas os aeroportos ainda eram dos tempos soviéticos, quando uma minoria viajava de avião.  Não existiam salas de embarque.  Esperava-se na rua até que chamassem e mostrassem uma placa com seu número de voo.  Aí entrava, fazia o check in, despachava a bagagem e ia direto para o embarque.

O casal brasileiro também faria o mesmo voo e ficamos encolhidos junto da parede para escapar dos chuviscos.  Na hora de pesar a bagagem, cobraram o valor de meio quilo que eu tinha de excedente.  A trabalheira que deu para pagar quase valia mais a pena tirar algum sapato da mala.

O avião, de fabricação russa, era antigo, barulhento, feio, cheio de remendos na forração das paredes.  O assento não era tão desconfortável quanto se possa imaginar.  Mas pousar bem foi um alívio.  E desta vez o hotel era a cinquenta metros da principal avenida.

Logo na chegada percebi que São Petersburgo não era a valha Leningrado.  A Nevsky Prospekt que conheci era outra.  Só o túnel do tempo para explicar.  Em comum, só a multidão.

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Nevsky Prospekt em 1985: muita gente e muito espaço.

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Nevsky Prospekt em 2007: muita gente, carros, trilhos e publicidades.

Sai para olhar aquela cidade bonita, que eu conhecera vazia e agora dava show de movimento e tráfego.  Vários edifícios estavam com telas protetoras, passando por restauração antes das festas dos trezentos anos da cidade.

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Um dos prédios que gosto na Nevsky Prospekt, o da Livraria Zinger.

Pontes e canais enfeitavam o conjunto.  Eu cada vez mais admirava a ideia visionária de Pedro o Grande, czar entre 1682 e 1725 que criou a cidade para ser sua capital com ares europeus, que foram a tônica de seu governo.  Para modernizar a Rússia obrigou os homens a raspar as longas e descuidadas barbas e modificar seus trajes.  A cidade continuou sendo capital e sendo bem tratada por seus sucessores.  Acho muito mais bonita que Moscou.

Fiz algumas compras e fui jantar num shopping, onde acabei conversando em inglês com a rapaziada que estava por lá.  Eles gostam de falar outro idioma, talvez por quererem mostrar que se misturam ao resto do mundo, que não há mais o isolamento antigo.

Primeira manhã, eu e o casal vindo do trem tivemos visitas começando pelo Museu do Ermitage, um mundo de palácios interligados a partir do palácio de inverno de Catarina a Grande, uma plebeia alemã viúva do czar Pedro III, que tomou para si o poder e se tornou uma das maiores governantes russas.  Apesar das maravilhas, consegui ver o que havia de arte e construção sem o frisson da primeira vez.  É compreensível, o impacto não se repete.  Mas é uma visita imperdível e indescritível.

Depois fomos à Fortaleza de São Pedro e São Paulo.  Ali dentro, a catedral de mesmo nome, que eu não conhecia pois era um dos locais proibidos no regime soviético.  No rico interior de traços europeus, mas cheio dos tradicionais ícones preciosos, estão os túmulos dos czares russos a partir de Pedro.  Numa capela especial fica a família de Nicolau II, junto da imagem dourada no pedestal mostrando que foram canonizados como “Mártires do comunismo”.  A cerimônia do enterro foi assistida por Boris Yeltsin, sempre ele.

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Interior da Capela de São Pedro e São Paulo.

Para a tarde foram oferecidos opcionais começando por passeio de barco pelos canais, que eu estava doida para fazer, afinal, passear de barco em canais é um dos meus programas favoritos.  E esse não foi diferente.

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Pelos canais se observa bem como a cidade é bonita, homogênea e ainda segue os antigos planos de Pedro o Grande.

Depois de cruzar canais apreciando o plano urbanístico de Pedro I, respeitado até hoje no que diz respeito a conservação dos edifícios, sua altura e padrão de construção, chega-se ao Rio Neva.

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No trecho do rio Neva, a Fortaleza de São Pedro e São Paulo onde se vê bem o portão onde paravam os barcos que levavam os presos que iriam desaparecer.

Continuamos para o palacete Yossukov onde foi assassinado Rasputin, aquela figura misteriosa e meio lúgubre que prometeu muitos eventos miraculosos à czarina Alessandra, inclusive curar a hemofilia do herdeiro de Nicolau II e fez uma grande confusão no império.  Para terminar, um espetáculo de música e dança no Palácio Nikolayevsky.    No intervalo da apresentação de música, um coquetel com delícias salgadinhas e vinhos russos.

Na manhã seguinte o opcional foi a Tsarkoe Selo, conhecido por Pushkin, residência de verão de Catarina.  Numa construção que foi crescendo e tornando-se uma riqueza, um detalhe interessante é que vários lustres são feitos em “papier maché” para ficarem leves apesar do tamanho.

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Um dos salões de Tsarkoe Selo ou Pushkin.  Na decoração predominam ouro, bronze dourado e madeiras raras.

Sua sala mais famosa não é original.  É o Salão de Âmbar, incorporado a uma das alas do palácio e tem uma história bastante original.  E não é possível fotografar.

Quando o Czar Pedro esteve em 1709 no palácio de Frederico Guilherme da Prússia, ele viu a sala toda decorada em resina de âmbar e não resistiu – pediu-a de presente.  E ganhou.  Depois de passar por alguns palácios russos, estava em Pushkin quando os nazistas saquearam São Petersburgo (na época se chamava Leningrado).  O destino das peças é um mistério.  O que existe hoje é uma réplica, feita graças aos desenhos e pinturas que a representaram por décadas.

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Jardins nos fundos de Pushkin.  Quando entramos chovia, na saída um dia de sol.

A parte da tarde incluiu visitar o interior da Catedral de São Isaac, que eu já tinha visitado na Leningrado soviética servindo como museu.  Agora reconsagrada, reassumiu funções de templo.

Dali seguimos para outra igreja que tinha me encantado durante o passeio de barco, a Catedral da Ressurreição de Cristo ou Catedral do Sangue Derramado, erguida por ordem do Czar Alexandre III sobre o local do assassinato do seu pai, o czar Alexandre II, o Bom Czar, em 1881. O edifício e suas obras de arte estiveram ameaçados de destruição por várias vezes durante o período soviético.  Escapou porque servia como uma ótima cavalariça.

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Catedral do Sangue Derramado e uma das pontes decoradas sobre os canais.

Nesta noite jantei num restaurante na Nevsky Prospect semelhante aos nossos restaurantes a quilo.  Comi, entre outros pratos do bufê, uma conserva de alhos deliciosa, mas daquelas impossíveis de comer sem ter em vista uma escova e uma pasta de dentes.  É alguma coisa bem típica desta parte mais ocidental, como Ucrânia e Belarus.

Só sairia da cidade para o aeroporto no meio da tarde e tentei de várias maneiras conseguir uma visita a Peterhof, ou Petrodvorets, o palácio de verão de Pedro, o Grande.  Não havia uma agência de turismo local, o hotel só informava o horário do barco.  Se eu errasse alguma coisa na volta perdia o traslado e consequentemente os voos de volta.  Fiquei muito frustrada.  Encontrei ali uma dificuldade semelhante àquela tentativa de ir ao circo em Moscou.

Gastei minha manhã livre caminhando pela avenida olhando seus prédios, seus postes decorados, suas pontes e me despedindo deles.

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Monumento a Catarina, a Grande.  De princesa alemã a esposa de um czar fraco até ser uma importante czarina.  Com quem ela decidiu aproveitar a própria vida já não importa mais.

Entrei na Catedral do Ícone de Nossa Senhora de Kazan, a maior da cidade e aberta para os cultos religiosos, mas não me pergunte como é.  Muito escura e sem iluminação acesa, não se consegue distinguir nada.  Por fora é imponente, sem a forma tradicional de igrejas, mais parece uma biblioteca ou um grande colégio.  Ali por perto, numa espécie de mercado, comprei uns anéis de âmbar que pareciam uns torrões.  Dei todos e depois fiquei triste por não ter ficado com nenhum.

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Catedral de Nossa Senhora de Kazan.

Fui recolhida no hotel e levada para o aeroporto, o mesmo esquema de esperar do lado de fora da porta.  Voei para Frankfurt e de lá para São Paulo e então para o Rio de Janeiro.  Sequência de voos longa e cansativa, mas as opções diretas ao Rio eram quase inexistentes na época.

Seguramente foi uma das minhas grandes viagens, em todos os sentidos.  Muitos lugares diferentes, paisagens especialíssimas, grandes recordações.  Atravessei dois continentes de leste a oeste, terras e costumes ancestrais.  Foi muito mais que viajar.

Vi uma Rússia diferente da União Soviética, mas uma está presa à outra.  A Mongólia foi melhor que o esperado e muito se deveu ao guia local que infelizmente esqueci o nome.  A China é quase assustadora numa Beijing poluída e superlotada, e parece ser mais amigável no interior.  A experiência da viagem de trem foi ótima, apesar do tempo nas cidades às vezes ser pouco; Ekaterimburgo e Kazan precisavam mais tempo.  Não sei como, talvez porque ficou a curiosidade, gostaria que estivesse incluída Krasnoyarsk.

Foi bobagem minha não ter incluído mais um dia para matar a vontade de rever o Petrodvorets, porém aprendi que por lá tudo deve ser previsto e incluído antes, acréscimos de última hora não existem.

Voltei enriquecida, como em todas as viagens, mas esta foi bem original.

Autor: recordandominhasviagens

Terceira idade, aposentada e viajante ainda na ativa. Se puder, leia meus posts e descubra mais sobre mim.

2 comentários em “2007 (agosto) – O longo cruzeiro ferroviário – Parte II”

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